terça-feira, 27 de agosto de 2013

A EAD COMO FERRAMENTA DE ACESSO E CRESCIMENTO PROFISSIONAL

Adriane Leite Pires Bastos
Polo Belford Roxo
Mat. 20092208465


             Há 20 anos seria impossível para muitos concluir uma graduação com facilidade.
             Os Campus eram limitados, distantes e elitizados, promovendo uma grande diferença de capacitação entre profissionais. Dificultando a competitividade àqueles que, com poucos recursos, tentavam se especializar na tentativa de uma boa colocação no mercado de trabalho.
             O que conseguimos ver hoje é um movimento provocado pela EAD, que possibilita a todo e    qualquer indivíduo a conquista de novos rumos profissionais, através desta ferramenta, disponível, facilitada financeiramente, de fácil acesso, com um leque de opções considerável.
              Já formada e Pós graduada, somente cogitei a possibilidade de retornar à faculdade se fosse à distância. E, onde estou hoje? Esta ferramenta me possibilita a aquisição de novas competências para meu crescimento profissional e, da mesma maneira abre portas e novas oportunidades de ensino para todos que se coloca à disposição para competir, crescer e vencer.



           

Ex-ministro da Educação destaca importância da EaD para desenvolvimento do país

Publicada em 
A Educação a Distância (EAD) é um recurso importante para atender a grandes contingentes de alunos de forma efetiva e sem riscos de reduzir a qualidade do ensino. E o Brasil está numa fase de consolidação da EAD, principalmente no Ensino Superior com crescimento expressivo e sustentado. Prova disso são os dados do Ministério da Educação que mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no país ingressa em um curso a distância. Ou seja, cerca de 20% dos universitários estudam entre aulas na internet e em polos presenciais.

O número comprova o avanço da Educação a Distância, mas a modalidade ainda sofre ressalvas. Um dado que pode explicar a falta de conhecimento é que somente nas últimas décadas - embora seja praticada desde o século 19 - passou a fazer parte das atenções, evoluindo com o emprego de modernas tecnologias e conseguindo atingir um público maior. O grande impulso para o crescimento do modelo semipresencial foi dado pelo governo com a criação da Universidade Aberta do Brasil em 2005.

A instituição tem 180 mil vagas em cursos superiores oferecidos em parceria com universidades federais. As aulas são dadas parte em ambiente virtual, através da internet ou de programas de TV, e parte no formato presencial. Em entrevista à TIC Educação, Carlos Alberto Chiarelli, ex-ministro da Educação e presidente da Associação da Cadeia Produtiva de Educação a Distância, disse que, atualmente, não há como negar a importância do ensino a distância para o desenvolvimento social previsto na Constituição Federal. Segundo Chiarelli, a versatilidade e a capacidade de inclusão do método são alguns dos principais pilares que garantem sua afirmação.

TIC - Dados do MEC mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no país ingressa em um curso a distância. O que esse número representa para a modalidade?

CA_Chiarelli_capa_esq_2010.jpgCarlos Alberto Chiarelli
 - A notícia de que um em cada cinco novos alunos de graduação do país ingressa em cursos a distância já mostra a importância dessa modalidade, significando passo expressivo para a evolução da educação brasileira. Em um país como o nosso, que tinha como objetivo ter 30% da população jovem nas universidades e só possui 19%, é um absurdo não se ter a consciência sobre a importância do Ensino a Distância, que ajuda efetivamente a preencher esta lacuna e tirar essa danosa diferença.

TIC - Os números indicam um rápido avanço da EAD, mas a modalidade é pouco conhecida pela maioria da população e ainda enfrenta resistências. Por quê?

Carlos Alberto Chiarelli
 - Uma vez li uma frase sobre EAD que me chamou atenção: A mentalidade conservadora das pessoas é um entrave para o desenvolvimento do Brasil. A discriminação do Ensino a Distância é um exemplo. Tive de concordar. Em um país onde o número de alunos matriculados na escola caiu 1,2% em 2008, em comparação com 2007, segundo o último censo escolar da educação básica, ir contra os benefícios dessa metodologia (EAD) é não priorizar os avanços necessários para o Brasil se tornar desenvolvido. Idéias errôneas sobre a Educação a Distância, muitas vezes, atrapalham a percepção de como este método pode ser eficaz para o ensino brasileiro. Importante salientar que o impulso da EAD está diretamente vinculado à inovação tecnológica, que a faz muito mais acessível e muito mais abrangente.

TIC A resistência ao ensino a distância pode ser um entrave para o desenvolvimento do Brasil?

Carlos Alberto Chiarelli
 - Se a EAD é uma forma de qualificar e alargar o processo educacional, obviamente não utilizá-la é perder um instrumento contemporâneo e valioso para auxiliar na alavancagem nacional. Além disso, a metodologia consegue, em um país como o Brasil, de proporções geográficas gigantes, contribuir para a redução das desigualdades sociais e regionais, bem como para a promoção do bem comum, sem preconceito de raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

TIC De que forma a EAD pode democratizar o acesso à educação?

Carlos Alberto Chiarelli
 - A democratização do ensino está sendo possível, em grande parte, graças a ela. Estudo publicado pelo governo norte-americano concluiu que recursos de aprendizagem on-line uma das ferramentas da EAD - constituem, muitas vezes, uma maneira mais eficiente de aprender do que a oferecida pelo ensino tradicional. Não estou a dizer que um determinado tipo de aprendizado é melhor que o outro. O que defendo é a eficácia do Ensino a Distância e o seu alcance. Pais e professores podem utilizar a EAD como uma ferramenta de apoio à aprendizagem, fazendo uma mescla de aulas presenciais e virtuais. Outro ponto: quem não pode cursar uma universidade, seja pelo ônus financeiro, disponibilidade física ou distância, pode contar com a EAD para avançar nos estudos e ter, além dos materiais, interação de professores presentes nos pólos e ferramentas, como a internet, para auxiliar nos estudos.
A Educação a Distância (EAD) é considerada, segundo o decreto Decreto-Lei n° 2.494, de 10/2/1998 como, “uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados (...)”. A legislação em EAD, atual, mostra avanços significativos, mas não temos a intenção de acompanhar o crescimento histórico da presente modalidade de ensino, e sim, perceber através, de práticas uma superação de valores, atitudes dando significado ao fazer Educação a Distância.

O cenário atual da EAD vem passando por transformações a partir de um contexto de mudanças de valores, em que a diversidade cultural é presente, tendo um significado maior em sua contextualização, de saberes e conhecimentos, assumindo um papel importante na sociedade vigente, na qual a globalização gera uma necessidade de comunicação e informação sem fronteiras.

A sociedade vigente caracterizada pela seletividade e dualismo pode restringir a EAD em vários pontos, que por uma legislação específica, podemos entendê-la como meio para inclusão, na qual visa a partir de um espaço interativo, troca de saberes em que deve ser potencializada competências que possam garantir a formação de um cidadão atuante na presente sociedade. Portanto devemos construir parcerias a partir de uma discussão, que norteiem um fazer EAD comprometido com suas reais necessidades, as quais venham legitimar sua prática.

Em âmbito geral, levando em consideração as mudanças que vêem acontecendo em nossa sociedade, podemos entender a EAD como uma modalidade de ensino que tem suas peculiaridades, na qual sua proposta pedagógica deverá ser rediscutida no que se refere à modalidade à distância, em que seu referencial de fazer educação não seja, parcialmente, anulado.

O avanço das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) provocou mudanças significativas em fazer EAD, logo foi criando corpo, hoje, está presente em todos os setores, em particular, sua presença no sistema educacional faz com que reflitamos sobre pontos inerente à educação, como: didática, metodologia, avaliação, planejamento, dentre outros pontos relevantes.

Consideramos as atividades presenciais na EAD como complemento de um processo de ensino-aprendizagem, na qual não deverá ser tida como prioridade para avaliar, porém somada as diferentes realidades em que a EAD se apresenta.

Sabemos que sua proposta é significativa no que diz respeito a fazer educação de forma efetiva. Mesmo de forma consciente, autônoma, interativa, comprometida com a formação continuada, na qual dará oportunidade a sociedade um espaço de formação, de troca e meio à inclusão para uma educação para todos, encontramos distorções que inviabilizam o processo educacional à distância.

A definição de EAD como uma proposta inclusiva ainda precisa ser repensada como educação para o futuro, em que sua proposta não deve ser vista como saída para uma educação justa, mas como momento inerente ao que vivemos, hoje, no qual é um processo árduo, que precisa superar suas limitações a partir de uma legislação repensada não no moldes que já temos, porém condizente ao momento em que estamos, propondo um significado crítico-reflexivo ao que queremos.

As questões importantes, levantadas no presente artigo, sobre tal tema, podem ser consideradas como caminho para uma educação inovadora a partir de uma roupagem caracterizada pela interatividade e não-linearidade, em que se apresenta não como saída para uma educação de qualidade, mas complementar a que temos, modalidade presencial, para uma educação justa.

De acordo com Litwin (2001), a EAD é considerada como uma modalidade de ensino com características específicas, caracterizando-se pela utilização de uma multiplicidade de recursos pedagógicos, objetivando a construção do conhecimento, na qual apresenta excelentes possibilidades da modalidade para a educação permanente.
O primeiro ponto que discutiremos é a mediação como princípio educacional que requer superação de limitações, as quais surgem a partir de desafios inerentes ao meio. Os desafios se apresentam com um significado pertinente a construção da aprendizagem, surgem num espaço de desequilíbrio, nos quais expectativas são afloradas desencadeando necessidades para a atuação de um indivíduo, quer flexível. Os termos mediação e desafio estão relacionados ao que se refere às potencialidades necessárias à superação de entraves que possam surgir ao nos depararmos num mundo de transformações constantes.

A mediação surge como meio viável à intervenção necessária para propiciar credibilidade ao ousar no desconhecido. O mediador deve está preparado para proporcionar um ambiente de desequilíbrio à realidade do indivíduo sem subestimá-lo, percebendo a partir de um diagnóstico prévio suas reais necessidades.

O processo de ensino aprendizagem quer presencial ou à distância requer um espaço interativo, confiável, onde a reciprocidade na construção do conhecimento é fundamental. Considerando a mediação enquanto princípio educativo, podemos viabilizar o processo no que se refere a sua potencialidade. A mediação como princípio educacional vem resignificar a prática docente, em particular, na EAD a presença de um espaço de mediações promove as competências do tutor a um significado de valores inerente a sua atuação.

Um outro ponto é a abordagem de aprendizagem, de acordo com Costa Lins, Ribeiro e Neves (2004), as teorias comportamentais “... são teorias calcadas nas características de indivíduos ou de espécies de indivíduos, e que dão pouquíssima ou nenhuma atenção às condições sócioculturais de vida desses mesmos indivíduos. O núcleo comum dessas teorias é a ênfase dada aos comportamentos modificados, se bem que as suas formas de obtenção sejam peculiares a cada um”.

Portanto consideramos a importância de registrarmos as contribuições dos estudos de Pavlov, Skinner e Bandura no que se refere aos critérios que legitima a aprendizagem: aquisição, retenção e transferência, para exemplificarmos se há aprendizagens que podem ser explicadas através da abordagem comportamental e se há outras que não podem.

Ivan Pavlov fundamenta sua teoria por meio do estímulo condicionado, a aquisição se dá pelo condicionamento respondente; a retenção é fraca e a transferência é tida como ponto negativo em sua teoria, não há aprendizagem significativa, conhecida como condicionamento clássico.

Skinner fundamenta sua teoria por meio do condicionado operante, a aquisição é fácil e rápida; a retenção não é forte e a transferência é pouco presente. O reforço é uma característica fundamental.

Albert Bandura fundamenta sua teoria por meio do condicionado social, a aquisição se faz de modo indireto; a retenção não é muito grande e a transferência será reduzida, conhecida como aprendizagem vicariante.

Diante da apreciação feita acima acerca da construção do conhecimento, segundo os principais nomes das teorias comportamentais, há aprendizagens que podem ser explicadas a partir do condicionamento, ponto chave para fundamentação nas presentes teorias. Um exemplo clássico é o uso de códigos para se comunicar, usamos símbolos fictícios que constituam o nosso alfabeto, o reforço é fundamental para que possamos fixar e/ou apreender, com um tempo sem reforço será inevitável esquecer, fazendo uma analogia à simbologia matemática, a interação se faz presente através da contextualização e dos requisitos inerente a potencialidades ao que se refere o conhecimento matemático, características das teorias cognitivas.

De acordo com Costa Lins, Ribeiro e Neves (2004), as teorias cognitivas “... se caracterizam por apresentar a aprendizagem como resultante de um processo de construção”.

Portanto consideramos a importância de registrarmos as contribuições dos estudos de Gestalt, Jean Piaget, Jerome Bruner, Lev Vygotsky e Howard Gardner no que se refere aos critérios que legitima a aprendizagem: aquisição, retenção e transferência, para destacarmos aspectos das abordagens de aprendizagem que são úteis na prática do professor/tutor.

Gestalt fundamenta sua teoria na percepção, a aquisição, ou seja, a aprendizagem ocorre por meio de relações estruturadas; a retenção, como a aprendizagem é conservada, se dá pela observação da permanência e na sua reutilização, e a transferência possibilita uma comunicação entre diversas estruturas anteriores e as novas situações.

Jean Piaget fundamenta sua teoria por meio da interação do sujeito (homem) com o objeto (meio-físico-social), a aquisição está relacionada com processo de equilibração; a retenção considera o inconsciente cognitivo e a transferência considera as suas aprendizagens anteriores, a partir de novas situações.

Jerome Bruner fundamenta sua teoria por meio da intuição, a aquisição está relacionada com a percepção; a retenção, com a disponibilidade do conteúdo intuído a uma categoria para sua utilização e a transferência a partir de novas intuições.

Lev Vygotsky, apresenta uma teoria psicológica sóciocultural do desenvolvimento, a aquisição acontece por meio da mediação simbólica; a retenção confere a cada conteúdo um significado e a transferência é uma constante.

A abordagem sóciocultural enfatiza aspectos sócios-políticos-culturais, tendo forte vínculo com a cultura popular. Todos os seres humanos são homens concretos, situados no tempo e no espaço, inseridos num contexto histórico.

O homem chegará a ser sujeito através da reflexão sobre seu ambiente concreto, quanto mais ele reflete sobre a sua própria condição concreta, mais se torna progressiva e gradualmente consciente, comprometido a intervir na realidade para mudá-la.
Por Rodiney Marcelo
Especialista em Educação a Distância (SENAC)
Colunista Brasil Escola

A importância da Educação a Distância no Brasil - Atualizado!


Educação a Distância ou simplesmente EaD, é a modalidade de aprendizagem em que os educadores e os aprendizes interagem entre sí, sem necessariamente estarem no mesmo lugar. Nessa modalidade o conhecimento chega ao aluno pela utilização didática de Tecnologias, principalmente pela internet, mas existe outros meios menos utilizados atualmente, como o correio, o rádio, a televisão, entre outros, todos eles possuem o mesmo princípio: o professor ensina a distância, separado no tempo e no espaço, do aluno, e eles interagem virtualmente de forma assíncrona ou síncrona.
No Brasil, o atual modelo da EAD foi herdado da Espanha, esse modelo percebe uma crescente necessidade de aperfeiçoamento para ajustar-se as nossas particularidades, motivadas pela grande demanda de alunos não atendidos por entidades do ensino tradicional, o presencial, pelas distâncias continentais e ainda, por motivos econômicos e sociais. A partir da aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e do Decreto n.º 5.622, de 19.12.2005, que regulamentou o Art. 80 daquela Lei, tornou-se obrigatório o credenciamento e renovação para oferta de educação a distância, o que provocou uma grande mobilização de entidades e universidades públicas brasileiras.
É neste contexto que a Educação à Distância surge como um modelo capaz de superar os desafios educacionais do nosso país continente. Conforme afirma Blois (2000), o Brasil se caracteriza por ser um espaço democrático de convivência de ofertas de EaD e favorecer o atendimento aos excluídos, cumprindo o seu papel de escola para muitos, por iniciativa tanto de instituições públicas quanto privadas.
A importância da Educação a Distancia no Brasil vai muito além da preparação de futuros profissionais, a EaD se tornou uma das mais importantes ferramentas de difusão do conhecimento e de democratização da informação, colaborando significavamente para o desenvolvimento social e tecnológico do Brasil.

Fonte:
BLOIS, M.M Do Ensino por Correspondência à Internet – A Busca da Democratização do Conhecimento. Revista CREAD, Miami, n.9, p.29-38, 2000.
BRASIL. Lei nº 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996.
______, Decreto Lei 5.622 de 19/12/2005.
FREDRIC M. Litto & FORMIGA, Marcos. Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009.


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=KsvQttYUA_Q

quarta-feira, 4 de maio de 2011

A Ação Docente de Ensinar

DOCÊNCIA ALÉM DE SALA DE AULA
Adriane Leite Pires Bastos 
Cederj 2010

Aquele que escolhe como profissão ser professor, precisa estar comprometido com o resultado final de seu trabalho, sabendo-o como parte importante e imprescindível na  construção do indivíduo e, podemos ver isso claro na afirmação de Libâneo (1994, p.17):

“ O trabalho docente é parte integrante do processo educativo mais global pelo qual os membros da sociedade são preparados para a participação na vida social. A educação – ou seja, a prática educativa – é um fenômeno social e universal, sendo uma atividade humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades.

Espera-se do educador que ele seja ingrediente básico para esta evolução, que compreenda como o seu trabalho cotidiano está ligado aos acontecimentos da sociedade no que diz respeito às perspectivas sociais, culturais e filosóficas.
Sua missão é ajudar o educando a construir seu próprio olhar de mundo, de sociedade, esclarecer e proteger o direito do aluno a uma identidade própria como membro ativo da sociedade. E essa identidade deve ser pelo aluno construída, para que seja a sua verdade, mas, para tanto, o papel do educador é fundamental na direção e na utilização das ferramentas para essa construção.
O professor deve reconhecer que existem diferentes níveis de independência e que os alunos saibam usar essa independência para construir o seu olhar. Há que se adequar o ensino à necessidade e ao meio em que vivem os alunos, já que a educação não pode ser um processo técnico-científico com inúmeras verdades, mas sim um processo de criação e construção do saber dentro de uma realidade coletiva e individual. É função do ensino o desenvolvimento da capacidade de pensar e a aquisição de instrumentos necessários à ação.
Somente conhecendo os interesses e necessidades dos seus alunos é que os professores podem criar situações de ensino que atendam às características de aprendizagem dos estudantes, e que garantam a eficácia do seu papel de educador, buscando variar constantemente as suas técnicas/métodos de ensino visando atender aos diferentes estilos de aprendizagem e, ainda, ser sensível às diferenças e respeitando as individualidades dos alunos.  É imprescindível que o educador se afaste do conceito da palavra aluno, sem luz, vendo-o com uma tábua rasa, sem qualquer conhecimento ou bagagem cultural, social.
Paulo Freire inicia Pedagogia da Autonomia expondo seus objetivos em analisar a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser e de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um sujeito social e histórico, e da compreensão de que "formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas" (p. 15).
Em sua análise, menciona alguns itens que considera fundamentais para a prática docente, enquanto instiga o leitor a criticá-lo e acrescentar a seu trabalho outros pontos importantes. Inicia afirmando que "não há docência sem discência" (p. 23), pois "quem forma se forma e re-forma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado" (p.25). Dessa forma, deixa claro que o ensino não depende exclusivamente do professor, assim como aprendizagem não é algo apenas de aluno. "Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender" (p. 25).
Uma das condições para ensinar os alunos a aprender para continuarem aprendendo vida afora é ajudá-los a tomar consciência do que sabem. Para tanto, é necessário que o professor não só acredite que os alunos têm conhecimentos e condições necessárias para aprender, como também deixe isso transparente em suas atitudes.
A interação dos alunos provocará um turbilhão de ideias e formas de aquisição dos outros conhecimentos inerentes a cada um do grupo. Para tanto, o educador deve considerar e valorizar as competências individuais pois,  a troca entre os saberes dos alunos promoverá uma aprendizagem muito maior. Deve então, ficar atento às experiências de todos. Em uma sala de aula, cada um tem uma história, vem de uma família diferente e tem uma bagagem única e especial de experiências culturais. Essa heterogeneidade deve ser amplamente valorizada, já que a turma não tem uma só identidade, mas é o resultado do conjunto das características de cada indivíduo. Ao formar grupos, é imprescindível saberes diversos. O papel do professor na divisão de classe para atividades em equipe é fundamental. Considerando muito mais do que afinidades e reunindo aqueles com conhecimentos diferentes e próximos, que têm a aprender e ensinar. Todos precisam atuar juntos para trocar as informações – aproveitar o que é diferente de cada um.
Criar um ambiente de aceitação pode garantir que se estabeleçam relações de confiança e respeito às diferenças e o cuidado com o outro. O professor precisa refletir sobre sua atuação para melhorar a auto-avaliação, que  é fundamental para ajudar a perceber fragilidades. Todos os dias, ocorrem situações que permitem repensar o trabalho em sala de aula e o contato estabelecido com a equipe e os alunos.
É importante colocar essas práticas em xeque: alcancei os objetivos? Em que preciso melhorar? Tendo isso claro, fica mais fácil buscar alternativas. Identificar e superar suas dificuldades. O primeiro passo para buscar mudanças é determinar  falhas. Investir no que pode ser aperfeiçoado. A educação é um processo que ocorre através de um vínculo de confiança entre o educador e o educando. Para evitar que se faça parte de um grupo que causa desconfiança, o educador deve refletir e repensar seu discurso.  Errou? Procurar mudar sua prática.
O bom professor é reconhecido como bom porque desempenha sua função com  profissionalismo. Com isso conquista o respeito de colegas e alunos – o que faz com que seja (e se sinta) valorizado num ciclo virtuoso.
A fim de acompanhar a modernidade deve-se estabelecer um modelo didático que facilite  mudanças. Há que se pensar numa construção feita a partir da experiência e da investigação dentro de uma visão andragógica, e porque não dizer heutagógica também. Essa construção requer ações fundamentais dos professores em sala de aula, quais sejam: despertar o interesse e a curiosidade do aluno; usar exemplos, fazendo conexões do conteúdo com a vida real e as experiências pessoais; estimular o desenvolvimento de estudos e pesquisas individuais e em grupos; utilizar métodos vivenciais de ensino como jogos, simulações, estudos de caso e laboratórios.
Uma margem razoável de desperdício de informação é inevitável em todo processo educativo. Falta de motivação, interesse, atenção, concentração, compreensão, etc, impedem que o conhecimento seja registrado e fixado. Por outro lado, existem mecanismos naturais de seleção: nem tudo interessa a todos, nem da mesma maneira, motivo pelo qual cada um seleciona e prioriza a informação que recebe. Diante disso é imprescindível adequar os meios aos fins.
Destacando-se a importância do papel do professor, um profissional atento ao seu grupo, as suas aprendizagens e suas dificuldades que se preocupa em buscar soluções, em se capacitar para intervir da melhor maneira possível, estimulando a autonomia do aluno, para que tenha capacidade de utilizar os conhecimentos escolares visando assimilar informações e procedimentos, bem como desenvolver o discernimento e a escolha da melhor maneira de resolver seus problemas ou a execução de novas tarefas.
Celso Vasconcelos destaca que, ao elaborar o planejamento, todo professor deve ter em mente que ele inevitavelmente será (pouco ou muito) modificado – mesmo que tenha boas reflexões sobre os três aspectos fundamentais: finalidade, realidade e plano de ação. “Isso ocorre porque os processos de ensino e aprendizagem são etapas distintas. A aprendizagem só ocorre quando são oferecidas condições de estudo para o aluno, com atividades que promovam um avanço contínuo e estimulante”, concluiu. (Revista Nova Escola, janeiro/fevereiro 2010).
Ou seja, o professor deve trabalhar em prol do aluno, adequando, adaptando e mudando sua proposta pedagógica conforme as necessidades, já que vivemos num mundo globalizado onde os conceitos e conhecimentos são velozes e diversos. A proposta é buscar artifícios e estratégias que aproximem cada vez mais os alunos entre si, a visão do aluno e do professor e o entendimento do aluno quanto a real necessidade de se aprender neste ou naquele contexto.
Contemplar uma proposta pedagógica pautada no respeito do indivíduo, na preservação de valores e na formação de cidadãos é uma luta constante.
Fernando Cassaro, Jornalista da Revista Nova Escola, expõe na edição de novembro de 2009 que, “na opinião de Theodor Adorno, o problema da Educação está no fato de ela ter se afastado de seu objetivo essencial que é promover o domínio pleno do conhecimento e a capacidade de reflexão. A escola, assim, se transformou em simples instrumento a serviço da indústria cultural, que trata o ensino como mera mercadoria pedagógica em prol da “semiformação”. Essa perda dos valores, segundo o autor, anula o desenvolvimento   da autorreflexão e da autonomia humana. Adorno acredita que a cultura da sociedade capitalista impõe um mecanismo de construção da heteronomia (ou seja, a sujeição do indivíduo à vontade de terceiros), fazendo o homem ser igual ao coletivo e perder, assim, sua individualidade. Sob esse ângulo, o indivíduo perde a capacidade de pensar e agir por conta própria e, consequentemente , de ser solidário e respeitar o próximo”.
Alcançar a qualidade não é uma tarefa fácil. Requer tempo e ações integradas. Mas, apesar de complexo este não é um trabalho solitário: com os colegas da equipe docente, o professor deve formar um verdadeiro time.
Para ser um professor eficiente não basta ter boa vontade. É preciso estudar muito e sempre, dedicar-se, planejar e pensar em diferentes estratégias e materiais para utilizar nas aulas. É preciso reforçar o saber específico que o profissional possui: o conhecimento didático e o controle das ferramentas pedagógicas, algo que se constrói não apenas na graduação, mas ao longo de toda a trajetória profissional.
    Na construção do conhecimento de base para ensinar, a formação acadêmica, as inúmeras influências, as observações, as vivências e as experiências cotidianas nos diferentes contextos por onde circula o docente, tudo é filtrado pelo seu saber de referência, ou seja, tudo é interpretado a partir dos enquadramentos culturais e teórico-metodológicos que o professor vai adquirindo e redimensionando, sendo estes os resultados da aprendizagem pessoal da base de conhecimento que se expressa a todo momento pelas representações pessoais e sociais dos professores e que vai-se construindo no processo do seu desenvolvimento pessoal e profissional.
     Baseados na sua formação continuada, de grande relevância para sua prática docente, nas suas experiências e conhecimentos particulares, à medida que desenvolve sua estrutura cognoscitiva, que vive a participação social e política (que dura a vida inteira, ininterruptamente), vai incorporando  os conhecimentos adquiridos durante essas vivências e mobilizando-os na realização do seu trabalho. Nesse processo de construção integral do indivíduo, a sua prática pedagógica processa-se em um contínuo, que vai oscilar entre: a consciência pratica e a consciência da prática.
     A consciência da prática como nível elevado de consciência ou elevado nível de compreensão da realidade, o sujeito da praxis tem plena compreensão do trabalho que realiza; conhece as implicações da sua ação na vida dos outros sujeitos que com ele vivencia o dia-a-dia na lide do trabalho diário, podendo, desta forma, transformar sua própria visão de mundo e consequentemente os rumos da sua ação num trabalho coletivo na perspectiva de uma prática pedagógica reflexiva.
     Prática pedagógica reflexiva ou prática reflexiva é outro conceito que o professor não pode ignorar se quiser melhorar sua prática docente. A prática pedagógica reflexiva é aquela enunciada por Freire (1975, p.9) “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Significa que o processo de conscientização desenvolve-se à medida que as pessoas, coletivamente, discutem, enfrentam e resolvem problemas comuns.
Este pensamento evidencia que, não há aprendizado quando o aluno não consegue utilizá-lo em outras situações do dia a dia. O aprendizado é reconhecido quando o aluno consegue resolver problemas, situações, iniciar uma conversa sobre um tema já estudado. O aluno precisa saber utilizar os conhecimentos adquiridos em situações rotineiras, do seu cotidiano. Quando isso não acontece, não é porque ele não sabe, esqueceu ou não prestou atenção, mas porque ainda não aprendeu.


“ Ao realizar suas tarefas básicas, a escola e os professores estão cumprindo responsabilidades sociais e políticas. Com efeito, ao possibilitar aos alunos o domínio dos conhecimentos culturais e científicos, a educação escolar socializa o saber sistematizado e desenvolve capacidades cognitivas e operativas para a atuação no trabalho e nas lutas sociais pela conquista dos direitos de cidadania. Dessa forma, efetiva a sua contribuição para a democratização social e política da sociedade” (LIBÂNEO, 1994, p. 33).


Os professores devem estar preparados para conceber e implementar alternativas e soluções pedagógicas adequadas diante dos problemas que surgem na aprendizagem de seus alunos nas salas de aula, até porque hoje temos na mesma sala diferenças culturais, sociais, étnicas e de experiências  onde é preciso trabalhar questões de violência e disciplina, preconceito e discriminação.
O sentido de ensinar fica óbvio, quando o  educando promove ações a partir do conhecimento recebido, ou seja, quando ele leva para fora da sala de aula a efetiva aplicação daquilo que  aprendeu. E, para tanto há a necessidade do professor ter a preocupação não somente, e nem tampouco, com o ato de “ensinar” e sim, estar voltado para o resultado da proposta educacional com forte estrutura para o sucesso individual e social do aluno.
O ensino não se resolve com um único olhar: exige constantes balanços críticos dos conhecimentos produzidos no seu campo (as técnicas, os métodos, as teorias) e isto demanda tempo, estudo, pesquisa e atualizações, ou seja, não se é professor somente em sala de aula, a construção maior deste professor está no que ele consegue captar e transformar em conhecimento.
Mas, acima de tudo edificar, montar estabelecer com a ajuda dos alunos e do corpo docente de que forma essa aula, esse conteúdo esse conhecimento deve ser transmitido e aproveitado.  Como diria Pimenta e Anastasiou, (2008) “ A aula não deve ser dada nem assistida, mas construída, feita pela ação conjunta de professores e alunos”.











  BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


1 - BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O Que É Educação. São Paulo: Editora Brasiliense, 1981.

2 - CARRARA, Kester. Introdução à Psicologia da Educação, Seis Abordagens. São Paulo: Editora Avercamp, 2004.

3 - FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 11ª. Edição Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1982.

4 - ______________. Pedagogia da Autonomia. 39ª. Edição São Paulo: Editora Paz e Terra, 2009.

5 - ________________. Política e Educação. São Paulo: Cortez Editora, 1997.

6 - LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez Editora, 1990.

7 - PILETTI, Nelson. Psicologia da Educação. 13ª. Edição São Paulo: Editora Ática, 1995.

8 - PILETTI, Claudino. Didática Geral. 7ª. Edição São Paulo: Editora Ática, 1986.

9 - PIMENTA, Selma Garrido, ANASTASIOU,  Léa das Graças Camargos. Docência no Ensino Superior. 3ª. Edição São Paulo: Cortez Editora, 2008.





WEBGRAFIA


1 - ANTUNES, Simone Fraga Freitas, JUNGBLUT, Cesar Augusto. “O Papel do Professor e as Dificuldades de Ensinagem”. IN http://www.gestaouniversitaria.com.br/ edicoes/133-171/638-o-papel-do-professor-e-as-dificuldades-de-ensinagem.html. Visitado em 18/02/2010.
2 - CARVALHO, Marlene Araújo de. “A formação de professores e os fundamentos da ação  docente”. IN http://www.ufpi.br/mesteduc/eventos/ iiencontro/GT-1/GT-01-04.htm. Visitado em 15/01/2010.
3 - JANUARIO, Paula Cancella. “Formação de formadores: o docente do ensino superior é um profissional da educação”. IN http://www.filologia.org.br/soletras/13/05.htm. Visitado em 23/12/2010.
4 - RAZZA, Neuza. “Trabalhando com Alunos: Subsídios e Sugestões, o desafio de ensinar a aprender para continuar aprendendo”, Revista do Projeto Pedagógico. IN http://www.administradores.com.br/artigos/o_dificil_ caminhar_ do_ensinar_e_aprender_neuza_razza_pedagoga/31482/. Visitado em 18/02/2010.

5 - SANTANA, Danielle. “A ação docente na educação superior”. IN http://www.webartigos.com/articles/4670/1/A-Acao-Docente-Na-Educacao-                       Superior/pagina1.html

6 - SANTOS, Sandra Carvalho dos. O processo de ensino-aprendizagem e a relação professor-aluno: aplicação dos “sete princípios para a boa prática na educação de ensino superior”. IN Caderno de pesquisas em administração, São Paulo, v.08, nº 1, janeiro/março 2001. Visitado em 18/02/2010.
7 - TORRES, Rosa Maria. “ Ensinar e aprender: duas coisas diferentes ” –http://www.redemulher.org.br/espanhol/rosa.htm . Visitado em 18/02/2010.